Ministra procurou "bode expiatório", diz Teresa Caeiro
A parlamentar reagia assim a um comunicado em que o Ministério da Cultura 'manifesta a sua grande satisfação' pelo pedido de demissão apresentado sexta feira por o director Geral das Artes, Jorge Barreto Xavier, que alegou divergências com Gabriela Canavilhas e vai ser substituído no cargo por João Aidos, até aqui director artístico do Teatro Virgínia, em Torres Novas.
No comunicado da tutela lê-se ainda que a saída de Jorge Barreto Xavier 'vem permitir finalmente que a DGArtes se liberte de constrangimentos vários que têm vindo a dificultar a sua acção' e que a intervenção do responsável demissionário 'tem sido meramente de aplicação de medidas do Governo, muitas das quais com recurso a contratação externa, por ineficácia da sua liderança na Direcção Geral'.
'Dizer que houve ineficácia nos procedimentos quando o director geral depende e acata decisões e está à espera de despachos do Ministério? E dizer que, afinal, ele é só o braço operacional das políticas do Ministério? Então?', questiona a antiga secretária de Estado das Artes e dos Espectáculos (XVI Governo Constitucional).
Em declarações à agência Lusa, a deputada afirmou que 'só um grande desnorte e um enorme desespero, típico de fim de ciclo político', podem explicar esta 'atitude inqualificável'.
'A ministra da Cultura estava à procura de um bode expiatório para arcar com a responsabilidade pela instabilidade, pelos atrasos e pela falta de rumo a que assistimos na área da cultura', sustentou.
Como exemplos do que classifica de comportamento 'errático', a deputada apontou que o Ministério da Cultura 'ora contratava um pólo do Hermitage, no qual gastou cerca de três milhões de euros, para depois deixar de contratar, e demitiu o director do Teatro Nacional de São Carlos para admitir outro e agora está a indemnizar este para que ele não cause mais estragos na programação do próximo ano'.
'Esta ministra criou um alarmismo em relação às cativações ou cortes no apoio às artes mas, simultaneamente, vem pedir aos agentes culturais maior eficiência e mais coerência na aplicação dos apoios', criticou ainda, considerando 'absurdo' que Gabriela Canavilhas pretenda 'uma gestão mais eficiente na execução dos contratos' que apoia quando estes 'são sancionados, aprovados e fiscalizados pela tutela e, como tal, se não são eficientes, é porque o Ministério não os sabe avaliar nem fiscalizar bem'.
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